12 fevereiro 2010

Arte e tecnologia?


Em junho próximo acontecerá em Nova Iorque o leilão do acervo de  obras de arte da Polaroid.

O acervo conta com obras de  alguns dos mais renomados artistas plásticos americanos do século XX , como os fotógrafos Ansel Adams e Robert Mapplethorpe e pintores como Robert Rauschenberg  e Andy Warhol , esse um viciado declarado em polaróides.

Como é que essas obras foram se constituir numa das propriedades mais valiosas da massa falida da Polaroid?

É uma história simples e que revela como arte e tecnologia se beneficiam mutuamente pela convivência próxima.

Edwin H. Land , o inventor do filme de revelação instantânea e fundador da Polaroid, além de ser um químico genial era um sujeito que pensava com a própria cabeça. Ele percebeu que o desenvolvimento da tecnologia da fotografia instantânea necessitava da colaboração de quem a usasse de forma criativa. Por isso deu de presente ao fotógrafo Ansel Adams um dos protótipos de sua primeira câmera de fotografia instantânea.  

Os comentários de Adams sobre a máquina foram tão úteis, que Land o contratou como consultor . Instado por ele a  Polaroid iniciou uma política de dar câmera e filmes para os artistas em troca de algumas fotos,  que colecionadas ao longo dos anos , resultam no acervo que agora vai ser leiloado .

Meu filho Francisco de 8 anos descobriu os Beatles. Por conta disso, tenho sido forçado a ouvir compulsivamente a obra completa  remasterizada lançada no ano passado.  

Os Beatles continuam impressionando os ouvidos de hoje, não apenas pela genialidade musical , mas também porque suas gravações são um modelo de integração entre arte e tecnologia.

Nos  estúdios de Abbey Road , onde os Beatles registraram a maior parte da sua obra , o grupo não encontrou apenas um local adequado para registros sonoros, mas uma cultura de inovação e criatividade em tecnologia.

Se os quatros cavalheiros de Liverpool criaram canções que desafiam o tempo, ouvindo outros discos  gravados na mesma época em Abbey Road como ¨Piper at the Gates of Dawn¨ do Pink Floyd ou  ¨Begin Here¨ do The  Zombies , se verifica que a inovação sonora dos Beatles não foi exceção , mas era a regra nos estúdios da EMI.

Os plug-ins  do meu Pro-Tools , cheios de imitações de efeitos criados na época ,atestam o poder da interação entre artistas criativos e engenheiros curiosos.    

Hoje , zonzo diante de  tantas inovações tecnológicas,  me pergunto:

Onde e quando será agora esse encontro entre arte e tecnologia?  

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