Em junho próximo acontecerá em Nova Iorque o leilão do acervo de obras
de arte da Polaroid.
O acervo conta com obras de alguns dos mais renomados artistas plásticos
americanos do século XX , como os fotógrafos Ansel Adams e Robert Mapplethorpe e
pintores como Robert Rauschenberg e Andy
Warhol , esse um viciado declarado em polaróides.
Como é que essas obras foram se constituir numa das propriedades mais
valiosas da massa falida da Polaroid?
É uma história simples e que revela como arte e tecnologia se beneficiam mutuamente pela convivência
próxima.
Edwin H. Land , o inventor do filme de revelação instantânea e fundador
da Polaroid, além de ser um químico genial era um sujeito que pensava com a
própria cabeça. Ele percebeu
que o desenvolvimento da tecnologia da fotografia instantânea necessitava da
colaboração de quem a usasse de forma criativa. Por isso deu de presente ao
fotógrafo Ansel Adams um dos protótipos de sua primeira câmera de fotografia
instantânea.
Os comentários de Adams sobre a máquina foram tão úteis, que Land o
contratou como consultor . Instado por ele a Polaroid iniciou uma política de
dar câmera e filmes para os artistas em troca de algumas fotos, que colecionadas ao longo dos anos , resultam
no acervo que agora vai ser leiloado .
Meu filho Francisco de 8 anos descobriu os Beatles.
Por conta disso, tenho sido forçado a ouvir
compulsivamente a obra completa remasterizada lançada no ano passado.
Os Beatles continuam impressionando os ouvidos de hoje, não apenas pela
genialidade musical , mas também porque suas gravações são um modelo de
integração entre arte e tecnologia.
Nos estúdios de Abbey Road , onde
os Beatles registraram a maior parte da sua obra , o grupo não encontrou apenas
um local adequado para registros sonoros, mas uma cultura de inovação e
criatividade em tecnologia.
Se os quatros cavalheiros de Liverpool
criaram canções que desafiam o tempo, ouvindo outros discos gravados na mesma época em Abbey Road como
¨Piper at the Gates of Dawn¨ do Pink Floyd ou ¨Begin Here¨ do The Zombies , se verifica que a inovação sonora
dos Beatles não foi exceção , mas era a regra nos estúdios da EMI.
Os plug-ins do meu Pro-Tools , cheios de imitações de
efeitos criados na época ,atestam o poder da interação entre artistas criativos
e engenheiros curiosos.
Hoje , zonzo diante de tantas
inovações tecnológicas, me pergunto:
Onde e quando será agora esse encontro entre
arte e tecnologia?
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