30 maio 2007

O Natal de 2007 - A Fronteira Final

Quando passou o natal de 2006 , uma imagem ficou clara no horizonte : "Natal de 2007 - A Fronteira Final".

Quem frequenta o comércio de discos observa diáriamente a degradação dos espaços de venda de CD.

Ontem ,depois de alguns meses, estive no Extra da Tijuca , uma loja enorme que frequento perto do meu estúdio. Práticamente eliminaram a sessão de CDs , que passou a dividir com os DVDs o espaço antes dedicado aos livros!!!

Lembram como foi o fim do vinil? Não foi a indústria fonográfica que o decretou, nem as lojas especializadas, muito pelo contrário, ambos resistiram o quanto puderam. Foram os grandes magazines e supermercados que num belo dia resolveram que discos em vinil não valiam o espaço que ocupavam e BUM! De um dia prá outro aquelas gôndolas sumiram e o vinil virou história...

Se no Extra o espaço para exposição de lançamentos de CDs e DVDs se reduziu drásticamente, continuam lá aquelas cestas de saldos, não mais com encalhes de CDs , mas lotadas de DVDs de catálogo que eu não imaginaria vendido por aqueles preços naquelas condições , um claro prenuncio que em breve o Extra se retirará desse mercado.
Prá quem pretende continuar a fazer negócios com o Extra ,o Carrefour e as Americanas, um péssimo sinal, para quem quer viver de música, uma excelente notícia.

A agonia lenta que vivemos nos últimos anos , parece que finalmente se aproxima do seu desfecho.

Que venha logo, porque não se conserta um avião voando, não se começa a subir antes de tocar no fundo do poço , não se constrói uma nova indústria enquanto se tenta conservar os escombros da velha.

Só quando a indústria fonográfica abandonar o disco como seu produto principal, é que ela poderá adotar os preços que viabilizam a venda de arquivos. Enquanto os preços de downloads tiverem como referência a concorrência com o produto físico eles sempre parecerão ridículamente caros para o consumidor.

Aproximando-se o cataclisma, me arrisco a divisar umas sombras no horizonte:

Essa "nova indústria" não vai ser construída sem os detentores dos grandes catálogo de fonogramas. Ou seja, seja quem for que possua os catálogos das "majors", vai ser necessariamente parte integrante e essencial do negócio de música no futuro.

Também parece claro que a fabricação e venda de produtos físicos será finalmente tercerizada .Eu particularmente aposto que quisosques que queimam CDs e DVDs aparecerão nas lojas onde havia uma sessão de discos físicos. As gravadoras serão portanto básicamente "licenciadoras de fonogramas", um negócio bem parecido com as editoras de música de hoje. Nesse ambiente estimular novos artistas e novas formas de vender música (coisas que ultimamente não vinham interessando as "majors") serão prioridades.
Assim aqueles bons profissionais que conhecem música e trabalham/ram em gravadoras certamente terão espaço no Musicbizz 2.0.

Eu, como tantos outros músicos, compositores e produtores, não ambicionava ser dono de gravadora, editora ou distribuidora, fui forçado muito a contra gosto, a assumir algumas dessas funções simplesmente para poder continuar trabalhando com música.

Nós que criamos música queremos é contar com parceiros competentes e honestos que tratem do negócio de vender música. Será que vai acontecer?

Feliz 2008!

O artigo do NYT que sugeriu essa pensata:

Everyone in the industry thinks of this Christmas as the last big holiday season for CD sales," Mr. Sinnreich said, "and then everything goes kaput."
http://www.nytimes.com/2007/05/28/arts/music/28musi.html?_r=1&oref=slogin

23 maio 2007

Péricles Cavalcanti no CCC

Fui preparado para uma noite de estética joãogilbertiana , voz e violão no centro da ação e no máximo uns sons/músicos adicionais para colorir. Tudo o que eu conhecia de Péricles Cavalcanti até ontem (e não é pouco, porque eu sou fã) apontava para uma produção minimalista.

Chego no CCC , um dos raros locais nessa cidade de São Sebastião onde se pode ouvir música popular com prazer, na companhia de Marina, que veio meio empurrada na pura fé no meu bom gosto.

Surprise ! surprise! pelos instrumentos e amplificadores no palco, se trata de uma banda grande. Na primeira música Péricles empunha um baixo !? A banda composta de 5 músicos , que se revezam em instrumentos e vocais, é espantosa . As orquestrações fantásticas , tudo paulistamente preciso e baianamente criativo, um deleite.

Será que com essa vestimenta primorosa as canções filosóficas de Péricles finalmente vão encontrar um público mais numeroso? Torço que sim , pelo bem das pessoas que não conhecem , Péricles o “Rei da Cultura”.

A platéia contava poucos e bons, entre eles dois dos meus artistas brasileiros favoritos, Caetano e Hamilton Vaz Pereira. Sei lá se o disco vai vender, se os shows vão encher, prá mim foi um sucesso retumbante.

22 maio 2007

Já que os anos 90 terminaram....

Los Hermanos vão parar, o Romário também.
Britney e Courtney piraram... e Jlo não está se sentindo muito bem..
Ganância está fora de moda, griffes milionárias também...

Em vista do exposto :

Declaro oficialmente encerrados os anos 90.

Já vai tarde!

Em vista disso retomo essas anotações inúteis...